
Pequeno pingente desencadeia grande indignação contra a IA em Nova York
Um pequeno pingente circular criado por Avi Schiffmann, de 23 anos, tem provocado debates intensos desde que começou a ser comercializado. O dispositivo, chamado Friend, foi desenvolvido como um companheiro de inteligência artificial capaz de dialogar com o usuário e acompanhar seu cotidiano. Schiffmann idealizou o produto após perceber que muitos jovens enfrentam solidão, mesmo em uma era de hiperconectividade, e afirma que buscou reproduzir no aparelho a sensação de apoio que encontra em suas próprias amizades. "Acredito que todos merecem ter um confidente próximo em suas vidas que realmente apoie seus objetivos", disse ele. "Eu realmente quis capturar a essência dos melhores relacionamentos que tive na minha vida."

Desde seu lançamento, no entanto, o Friend tem dividido opiniões. A empresa investiu US$ 1 milhão em anúncios no metrô de Nova York, mas muitos foram pichados ou arrancados como protesto. Críticos afirmam que o pingente simboliza os excessos da indústria de IA, levantando temores sobre privacidade, impactos ambientais e a possibilidade de a tecnologia substituir conexões humanas. Frases como "A IA não é sua amiga", "Converse com um vizinho" e "Computadores e corporações não querem ser seus amigos – eles querem seus dados e dinheiro" foram escritas nos cartazes vandalizados. O debate cresce enquanto processos e denúncias apontam que sistemas de IA de outras empresas já teriam incentivado comportamentos prejudiciais entre usuários jovens, apesar de medidas de segurança adotadas por essas companhias.
Mesmo diante da reação negativa, Schiffmann reforça que o Friend não funciona como um assistente tradicional, mas como uma espécie de diário responsivo capaz de escutar o ambiente, memorizar informações e oferecer respostas de apoio emocional. Ele relata que alguns usuários desenvolveram vínculos profundos com o pingente, chegando a retomar antigas paixões graças ao incentivo da IA. Ainda assim, especialistas alertam que relações muito intensas com companheiros digitais podem fragilizar laços humanos e gerar riscos, especialmente quando chatbots acabam interferindo em questões delicadas, como saúde mental. Em demonstrações práticas, o Friend mostrou limitações — como a incapacidade de acessar informações em tempo real —, embora se destaque pela memória refinada, lembrando conversas passadas e retomando assuntos dias depois.
Questões de privacidade também são centrais. Schiffmann afirma que os dados são criptografados e não ficam armazenados se o dispositivo for destruído, além de o usuário poder interromper as gravações ao fechar o aplicativo. Ele admite, porém, que aprendeu com as críticas e até se comprometeu publicamente a não vender o Friend para grandes corporações. Convencido de que os benefícios da tecnologia superam os riscos, acredita que os companheiros de IA se tornarão parte do cotidiano e podem até melhorar relações humanas, ao fornecer suporte emocional que ajude as pessoas a agirem com mais equilíbrio. "É uma responsabilidade, mas é algo em que vou continuar trabalhando na próxima década", afirmou. "Estou me esforçando ao máximo, eu suponho".








