“Garrafa ao mar” -

Estudantes do Maranhão mandam 300 mensagens ao espaço durante o primeiro voo comercial do Brasil

Mensagens escritas por cerca de 300 alunos da rede pública do Maranhão serão enviadas ao espaço às 15h34 desta sexta-feira (19/12). As cartas, produzidas por estudantes de Alcântara, estão a bordo do nanossatélite Pion BR2 Cientistas de Alcântara, um dos dois desenvolvidos pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), vinculada ao MEC, e lançados na Operação Spaceward 2025. Após alguns adiamentos, o foguete sul-coreano Hanbit-Nano decola do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), marcando o primeiro voo comercial de um veículo espacial a partir do território brasileiro.

Foto: Reprodução/UFMAFoto

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a iniciativa busca aproximar as comunidades quilombolas de Alcântara das atividades espaciais, transformando moradores e estudantes em protagonistas de uma missão inédita no país. Desenvolvido pela UFMA em parceria com a Agência Espacial Brasileira, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a startup Pion, o projeto levará as mensagens dos estudantes ao espaço como uma metáfora da tradicional “garrafa ao mar”. Além do caráter simbólico e educacional, a universidade realizará testes de módulos e sistemas nacionais de comunicação, energia, painéis solares e computador de bordo, contribuindo para o fortalecimento da indústria espacial brasileira e para um ambiente de aprendizado que reproduz um laboratório real.

O vice-coordenador do projeto e professor da UFMA, Alex Oliveira Barradas Filho, avalia a missão como especialmente relevante por demonstrar a integração entre ciência, cultura e educação, conectando tecnologias estratégicas às comunidades tradicionais. "Ver jovens de Alcântara participando diretamente da integração do satélite é um marco histórico e reforça o protagonismo local neste momento único para o país", disse à FAB.

Além do Pion BR2, a missão inclui o CubeSat Jussara-K, desenvolvido no Labesee da UFMA, que reúne tecnologias nacionais para coleta de dados ambientais, identificação de focos de queimadas e testes de um módulo de inteligência artificial em ambiente espacial. Ambos os satélites foram projetados e integrados por estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores, com apoio da Agência Espacial Brasileira e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para Eduardo Bezerra, coordenador do SpaceLab da UFSC, a missão é um marco histórico: "Do ponto de vista tecnológico, demonstra a capacidade do país de desenvolver e testar soluções inovadoras no espaço. Do ponto de vista institucional e educacional, é um orgulho ver o trabalho de estudantes integrando uma missão pioneira que reforça o protagonismo do Brasil no cenário espacial." Já Carlos Brito, professor e coordenador do projeto pela UFMA, destaca a relevância da proximidade com o principal centro de lançamento do país: “É um desafio pelo alto nível de complexidade envolvida na integração de vários sistemas, além de ser uma oportunidade de estar em um evento histórico para o Programa Espacial Brasileiro. É uma grande honra e um orgulho para os pesquisadores, alunos e toda comunidade envolvida”, disse ele à FAB.

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