
Sinais de água?: cientistas desvendam mistério de rastros em Marte
Pesquisadores afirmam que as faixas escuras observadas na superfície de Marte não são indícios da presença de água, como se pensava anteriormente. Um estudo recente, publicado nesta segunda-feira (19/05) na revista Nature Communications, sugere que esses padrões podem ser resultado de processos relacionados ao vento e à poeira. A pesquisa foi realizada por cientistas das universidades Brown, nos Estados Unidos, e de Berna, na Suíça.

Utilizando inteligência artificial e um vasto banco de imagens de alta resolução, a equipe analisou mais de 500 mil faixas em diversas regiões do planeta vermelho. As chamadas "faixas de encosta" foram identificadas pela primeira vez em imagens da missão Viking, da NASA, na década de 1970. Com o tempo, observou-se que algumas dessas marcas persistiam por anos, enquanto outras apareciam e desapareciam rapidamente, levando a comunidade científica a considerar a possibilidade de que fossem causadas por fluxos de água salgada durante os períodos mais quentes do ano marciano.
Para investigar essa hipótese, os pesquisadores desenvolveram um algoritmo de aprendizado de máquina que reconhece essas formações nas imagens de Marte. Após treinar o sistema com exemplos conhecidos, analisaram mais de 86 mil fotos capturadas por satélites e criaram um mapa global inédito das faixas de encosta.
A análise revelou que essas marcas não estão concentradas em áreas úmidas ou em locais com grandes variações térmicas, como seria esperado se envolvessem água líquida. Em vez disso, elas aparecem com mais frequência em regiões onde os ventos são intensos e há acúmulo de poeira, reforçando a ideia de que são formações secas. Os pesquisadores sugerem que as faixas se formam quando uma fina camada de poeira escorrega por encostas íngremes, possivelmente devido a redemoinhos de poeira, quedas de rochas ou impactos de meteoritos.
Embora os cientistas não descartem completamente a participação da água em casos isolados, os dados indicam que, na maioria das vezes, esses traços escuros podem ser explicados por processos físicos que não envolvem líquido. Essa descoberta tem implicações significativas para futuras missões de exploração em Marte, pois áreas com suspeita de água líquida exigem cuidados especiais para evitar a contaminação com microrganismos da Terra.
Fonte: Metrópoles